Sou nômade digital desde que o digital não era nômade

Adentrei no universo do digital quando, em 1981, cometi o engano de iniciar um curso de Engenharia Civil na Universidade Federal de Mato Grosso, em Cuiabá (MT). Este erro, porém, também trouxe acertos, como não deveria deixar de ser.

Do desenho técnico, derivei para o cartum e me tornei jornalista ilustrador. Das disciplinas Informática I e II conheci, programei e tirei muito partido de um computador estacionário IBM 1130, que ficava num anexo refrigerado e inacessível, guardado a sete chaves no Bloco de Tecnologia.

Naquela época o digital ficava lá parado e era utilizado, basicamente, para produzir o vestibular da UFMT. Mas, sem dúvidas, era uma maravilha tecnológica estacionada bem ali, entre o Pantanal e a Chapada dos Guimarães, já no finzinho da danada da ditadura militar brasileira.

No jornalismo, de cartunista a ilustrador, de ilustrador a diagramador, acabei me tornando um artista gráfico com influências dos colegas, como Sálvio Jaques e Mário Hashimoto e do saudoso Vladimir Dias Pino.

Tudo isso, porém, era temperado pelas andanças do Caximir (a banda de rock poesia que fazia parte) e da influência beatnick, o que me fez “bater calçada” (de Jack kerouac) em muitas outras cidades, de preferência metrópoles, onde o novo precisava ser visitado presencialmente. Virtual só mesmo as chamadas à distância nas cabines telefônicas de DDD.

Ainda nos anos 1980 tive contato de forma intensa com um computador Angra, de minha irmã, e seu famigerado Print Master. Também foram importantes as aventuras com a IBM Composer e as várias formas de produção de texto para past up que foram surgindo.

Mas, foi quando a vida me levou a morar em Goiânia (GO), já no começo dos anos 1990, que conheci o 386, o Corel Draw e o Page Maker. Pronto. Ainda não cabia na mochila. Mas o pacote tornou-se possível de levar e, de fato, a partir daí a gênese estava perpetuada.

De lá pra cá, de revolução digital em revolução digital, estou dentro. Pois é mesmo uma onda e, dela, cada um faz o proveito que quiser. Depois da Internet, veio o notebook e a primeira grande disrupção com o smatphone.

Agora chegou a hora da esfinge Inteligência Artificial.

Uso IA, inclusive neste texto e na ilustração.

Continuo nômade digital.

Mas, agora, o digital cabe nos bolsos…


Amauri Lobo (60) é jornalista, sociólogo, artista e espiritualista. Não necessariamente nesta mesma ordem…

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