Criado o Coletivo Uiara, rumo à União pela Igualdade Racial do Araguaia

Em reunião, pessoas negras e indígenas de Barra do Garças e região deliberaram pela criação do coletivo e preparar a fundação da entidade

Por Marinalva Marques, da Sucursal de Barra do Garças

Por convocação da Comissão pró fundação da União pela Igualdade Racial do Araguaia (UIARA), pessoas negras e indígenas de Barra do Garças, Pontal do Araguaia, Aragarças e região, reunidas na última sexta-feira (24.01), deliberaram pela criação do Coletivo Uiara, que desde já passa a atuar como movimento social e pleitear representação pela igualdade racial junto aos fóruns e articulações locais.

A segunda deliberação da reunião foi construir as condições para formalizar a fundação cartorial e perante a Receita Federal (CNPJ) da União pela Igualdade Racial do Araguaia (UIARA). Para tanto, será elaborada uma proposta de estatuto da entidade e convocada uma Assembleia Geral espeficiamente a sua criação.

Com apoio do Mutirum Instituto da Cultura, o movimento de negros e indígenas do Araguaia já nasce forte e com grande representatividade. A reunião da última sexta-feira teve a presença de respeitadas lideranças das duas etnias.

A professora Eva Souza e Silva, presidente da Cia de Teatro RECRIART e membro da UNEGRO Pantanal, foi uma das lideranças presentes. Ela pontuou em sua fala “a importância de a região do Araguaia ter um movimento pela igualdade próprio, pois em muitas situações os negros e negras e indígenas locais ficam isolados”.

A professora e geógrafa Bruna Ribeiro Carvalho, que propôs a criação desde já do Coletivo Uiara, salientou “que o estado de Mato Grosso é imenso e diverso em suas expressões e, que a região do Araguaia carece de uma instituição que fale a língua do Araguaia, a nossa regionalidade, a nossa expressividade cultural”.

“O Araguaia é território do povo Xavante, faz-se necessário valorizar a nossa cultura e nossa existência histórica e social”, afirmou Félix Tsiwepsudu Tseredze, cacique e diretor do Memorial Ahopowe Tseredze Aptsi’ré-MEMOATA.

“Precisamos ter voz e vez por nós mesmos, em nossos anseios, pensamentos e ações culturais”, salientou a pedagoga Heliana Rewaimo Tsi Ei Wa Adi.

A indigenista e professora Olímpia Soares, disse acreditar que “a Comissão Pró União pela Igualdade Racial do Araguaia (UIARA), seja uma equipe de grande importância para as várias culturas do Araguaia”.

“A UIARA surge do anseio social por políticas afirmativas, latentes aqui no Araguaia”, reforça o escritor, poeta, musicista, produtor cultural e arte-educador Daniel Machado (Danboo).

“A sigla UIARA, nos remete aos contos e lendas da região do Araguaia, ressaltando a importância dos povos originários em nossa formação cultural”, lembrou Marinalva Marques de Souza, Presidente do Conselho Municipal de Política Cultural de Barra do Garças e Coordenadora da Comissão Pró Organização da UIARA.

“Somos descendentes de indígenas e negros; sendo os indígenas, originários do Brasil e, os negros trazidos de seus países de origem africana e aqui escravizados. Desse modo somos a resistência, ao existir e lutar por justiça social nesse país”, instigou João Orozimbro Negrão, presidente do Mutirum Instituto da Cultura.

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