Primeiro dia do Seminário Cultura Viva Comunitária promove debates na Cidade do México

Participantes refletem sobre políticas culturais de base comunitária inspiradas na iniciativa brasileira com os Pontos de Cultura

Reunindo mais de 300 participantes de 10 países, o Seminário Internacional “Cultura Viva Comunitária – Uma Escola Latino-Americana de Políticas Culturais” começou nessa segunda-feira (8) com debates e reflexões profundas sobre as políticas culturais na América Latina e Ibero-América. O encontro, realizado na Cidade do México, é um espaço de diálogo entre ativistas, gestores públicos, pesquisadores e representantes de coletivos culturais.

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Abertura

A conferência de abertura foi conduzida pelo antropólogo e pesquisador Néstor García Canclini, com mediação de Alexandre Santini, presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa – instituição correalizadora do evento.

Com o tema “Desafios da Cultura Viva Comunitária: dos diálogos com instituições às plataformas digitais”, Canclini abordou o papel das redes sociais na formação de comunidades digitais e o envolvimento das instituições no apoio à cultura comunitária. Ao longo da fala, o pesquisador apresentou exemplos de iniciativas que, em diferentes territórios, utilizam a tecnologia como aliada na criação e expansão de comunidades digitais de cultura.

Canclini destacou ainda a importância do uso estratégico das mídias digitais como instrumento de mobilização, visibilidade e sobrevivência da cultura: “Estamos vivendo formas de opressão e de limitação dos nossos direitos. Um dos poderes da cultura é essa capacidade de não aceitar limites e fronteiras, de encontrar caminhos”, afirmou. Ao finalizar, o antropólogo ressaltou: “Como trabalhar em condições onde a relação entre comunidades territoriais e digitais seja possível? Essa reunião é uma prova que se pode fazer.”

O presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, Alexandre Santini lembrou que as políticas públicas culturais de base comunitária partem do princípio da participação ativa da sociedade. “Como Canclini explicou perfeitamente, temos o desafio de construir novos caminhos e redes que, de forma compartilhada e com o uso de tecnologias digitais, possibilitem a criação de comunidades virtuais, que ultrapassem os territórios físicos. Esse é um passo estratégico para garantir o direito à cultura, o acesso à informação e o exercício da cidadania de forma plena, diante de uma transformação tecnológica mundial. O Ministério da Cultura e a Casa Rui somam esforços nesse objetivo, partindo desse seminário como espaço de formação e formulação para pensar novos caminhos de forma coletiva”, concluiu.

Foto: divulgação RedLab e Ilacvc

Foto: divulgação RedLab e Ilacvc

Cultura Viva na América Latina e Ibero-América

Em seguida, a mesa “Políticas culturais de base comunitária na América Latina e Ibero-América”, reuniu vozes de diferentes países em torno de relatos, reflexões e provocações sobre os caminhos possíveis das políticas culturais que nascem e se sustentam nos territórios.

Na ocasião, Márcia Rollemberg, secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura do Brasil e presidenta do Programa IberCultura Viva, apresentou as linhas do tempo e da memória dos 20 anos da Cultura Viva e os 10 anos do IberCultura Viva, programa de cooperação intergovernamental que hoje conecta 14 países na construção de políticas culturais de base comunitária.

Sobre o IberCultura Viva, Márcia destacou o papel estratégico das redes que dão sustentação a esse processo – como a Rede de Cidades e Governos Locais, a Rede de Cultura e Infância e a recém-lançada Rede Educativa, uma articulação que conecta universidades, coletivos, educadores populares e gestores públicos em torno da formação crítica e comunitária, lançada oficialmente durante o Seminário no México.

Durante a mesa, foi lançado o livro comemorativo dos 10 anos do IberCultura Viva. “Este livro é um gesto de memória, mas também de futuro”, afirmou Márcia. “Ele sistematiza o que construímos juntos e projeta novas possibilidades para o fortalecimento das políticas culturais comunitárias, com base no diálogo, na escuta e na construção compartilhada.”

Também participaram do debate, representantes do México, Peru e Colômbia, compartilhando suas experiências e o sentimento comum sobre a importância da pesquisa colaborativa e da necessidade de construir pontes entre saberes populares e conhecimentos acadêmicos.

Foto: divulgação RedLab e Ilacvc

Foto: divulgação RedLab e Ilacvc

Sobre o evento

Promovido pelo Instituto Latinoamericano de Cultura Viva Comunitária (ILACVC) e pelas Redes de Gestão Cultural (RGC), o seminário conta com a parceria de diversas instituições e coletivos culturais de países da América Latina e da Europa. Entre os apoiadores estão o Programa IberCultura Viva, a Fundação Casa de Rui Barbosa, a Caravana Quetzalcóatl, a Universidade Autônoma da Cidade do México (UACM), a Agência Espanhola de Cooperação Internacional (AECID), o Centro Cultural da Espanha na Cidade do México, a Secretaria de Cultura da Cidade do México, o Lab Cultura Viva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Pontão de Cultura Areté, entre outros.

Acompanhe a transmissão online: https://www.youtube.com/@canalfcrb
Confira a programação completa: https://linktr.ee/ilacvc

Fonte: MinC

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