O encontro, realizado em Manguinhos (RJ), também abordou a relevância da Lei Rouanet no processo de fomento ao setor museal; em 2024, o setor captou R$ 397,2 milhões em incentivos fiscais
O Ministério da Cultura (MinC) participou, nesta terça-feira (10), do 1º Encontro Nacional de Associações de Amigos de Museus – Trocando Experiências. Realizado no campus da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Manguinhos (RJ), o evento reuniu representantes de museus e associações de amigos de museus para dialogar sobre inovação em gestão, desenvolvimento de boas práticas e sustentabilidade no segmento museal brasileiro.
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Idealizado pela Associação de Amigos do Museu da Vida Fiocruz (AMVF), em parceria com o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), o encontro também visa fomentar o intercâmbio de experiências entre museus e associações de apoio, em fortalecimento ao papel da sociedade civil na gestão de museus e abrir espaço para o diálogo entre instituições culturais de diferentes regiões do país.
O secretário de Economia Criativa e Fomento Cultural do MinC, Henilton Menezes, reforçou a importância da Lei Rouanet para o fomento de diversos projetos e ações do setor cultural, como os museus.
“A Lei Rouanet é um instrumento de mecanismo de financiamento que democratiza e nacionaliza o acesso à cultura. Como ocorre para museus e suas associações, o mecanismo permite que empresas públicas e privadas, além da sociedade civil, participe ativamente da preservação e manutenção do patrimônio cultural”, narrou.
Henilton também conduziu uma palestra sobre o processo, funcionamento e os números de renúncia fiscal do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), além de apresentar os avanços em programas compartilhados, como o Rouanet Norte e o Rouanet da Juventude — atualmente, em fase de análise de projetos —, que trazem fomento para regiões e segmentos historicamente menos contemplados.
Em 2024, o segmento cultural de Museus e Memória captou mais de R$ 397,2 milhões por meio da Lei Rouanet.
Fernanda Castro, presidenta do Ibram, destacou o compromisso do instituto em construir um legado duradouro para o setor museal brasileiro. “O Ibram tem trabalhado para consolidar um legado de iniciativas estruturantes no campo museal, abrangendo desde a criação e organização de mecanismos de financiamento, fomento e sustentabilidade até a inovação na gestão dos museus brasileiros.
Sobre o evento, afirmou que espaços como este são estratégicos para integrar atores-chave do setor, incluindo associações, gestores públicos e a sociedade civil. O encontro agrega parceiros essenciais para atingirmos essas metas, permitindo que desenvolvamos, em conjunto, políticas que fortaleçam a colaboração participativa entre Estado e sociedade civil”, finalizou.
De acordo com dados do Ibram, o Brasil tem cerca de 4,1 mil museus em todo o território.
Importância museal para o setor cultural
Em prosseguimento aos discursos inaugurais do encontro, o diretor institucional da Associação Amigos do Museu da Vida Fiocruz, José Henrique Bastos, destacou a importância de um espaço que integre a cultura com ciência e a sociedade. O Museu da Vida é um espaço único, onde a ciência e a cultura não só coexistem, mas bebem uma da outra. É um ambiente que tem o objetivo de informar e educar sobre a saúde, a ciência e a cultural. Uma integração que fortalece a cidadania e transforma o modo como a sociedade enxerga a importância das existências dos museus”, disse.
A chefe do Museu da Vida Fiocruz, Ana Carolina Gonzalez, afirmou que o encontro permite expandir o diálogo sobre a relevância museal para a preservação histórica e função social. “Termos aprendido a importância de estarmos todos de mãos dadas, planejando juntos a gestão de museus e caminhando na mesma direção para garantir que a sociedade tenha acesso à cultura e a história por trás destes espaços. Com a oportunidade, conseguimos destacar a importância dos museus, de não somente como lugares que guardam memórias ou expõem arte, mas também como espaços vivos de transformação social e impacto cultural”, falou.

Foto: Vitor Vogel – COC/Fiocruz
Ana Carolina complementou, ainda, que os debates realizados no evento vão além da visão tradicional dos museus como lugares estáticos de memória e preservação. Para ela, os museus devem ser “reconhecidos como plataformas vivas, dinâmicas e de de impacto sociocultural”.
Já o presidente do Conselho Internacional de Museus (Icom Brasil) e vice-diretor de Patrimônio Cultural e Divulgação Científica da Casa de Oswaldo Cruz, Diego Beviláqua, o evento busca, também, fomentar as discussões sobre as mudanças climáticas no âmbito da preservação do patrimônio material e histórico. “O momento é de conversas e diálogos sobre a relevância dos museus. Com isso, não podemos deixar de abordar sobre as consequências das mudanças climáticas e como elas podem promover a destruição de patrimônio material e histórico contidos em espaços museais. Após um ano das enchentes no Rio Grande do Sul, devemos ampliar a discussão para que as mudanças climáticas não se tornem, também, um apagamento histórico e material”, afirmou.
As programações do evento, que inclui inclui debates, palestras e relatos de experiências sobre temas como financiamento da cultura, marcos legais para associações e políticas públicas voltadas à economia dos museus, seguem até quinta-feira (12). Além das atividades, os participantes também terão a oportunidade de conhecer os espaços expositivos do Museu da Vida Fiocruz, um dos principais centros de divulgação científica e cultural do país.
Fonte: MinC