Filme narra trajetória de importante urbanista referência em Barra do Garças
Da redação
O Núcleo de Produção Digital da Universidade Federal de Mato Grosso (NPD-UFMT) irá promover o lançamento do curta-documentário “Dionísio na Polis”, dirigido por Aliana Camargo, no dia 9 de maio de 2025, às 19h, no Centro Cultural Valdon Varjão (CCVV), no Porto do Baé. A sessão será aberta ao público e contará com entrada gratuita, seguida de um debate com a diretora e roteirista.
O filme narra a trajetória do arquiteto e urbanista Dionísio Carlos, que chegou a Barra do Garças em 1982 e se tornou referência ao propor transformações sociais, culturais e artísticas por meio da arquitetura. O documentário destaca o sonho de Dionísio de ver o Plano Diretor efetivamente aplicado na cidade que escolheu para viver.
Acesse o grupo do WhatsApp do Mutirum e fique por dentro das notícias culturais!
A diretora Aliana Camargo, formada pela Universidade Federal de Mato Grosso, tem uma longa trajetória dedicada ao audiovisual e à educação. “Desde a faculdade eu faço documentários, trabalho com produções documentais e também dei aula em faculdade, na UNIC, na área da comunicação. Sempre aliando comunicação e educação”, conta. Aliana também esteve à frente de projetos que democratizam o acesso ao cinema, como o Cinema Agora e o ADCines, levando oficinas e exibições para estudantes da rede pública entre 2005 e 2008.

Sobre o novo documentário, Aliana explica que a inspiração surgiu ao conhecer o projeto das Águas Quentes. “Conheci Dionísio porque visitei as Águas Quentes em 2013 e fiquei encantada com o lugar, com tantas árvores, um verdadeiro santuário. Quando descobri quem projetou aquilo, vi que era alguém muito conectado com a natureza”, lembra.
Ao aprofundar-se na trajetória do urbanista, ela percebeu que Dionísio também foi responsável por outros espaços icônicos da cidade, como o Centro Cultural Valdon Varjão e o Porto do Baé, além de propor projetos de urbanização para a Beira Rio e outras cidades do interior de Mato Grosso.
O documentário, segundo a diretora, é fruto da Lei Paulo Gustavo, em sua edição municipal, e busca provocar reflexões sobre o desenvolvimento urbano e o papel do Plano Diretor. “O documentário se desenvolve a partir do sonho de Dionísio: pensar e implementar o Plano Diretor da cidade. A primeira parte mostra sua chegada a Barra do Garças, buscando algo que era também espiritualidade, acreditando na promessa de uma nova humanidade”, explica Aliana.
Já a segunda parte trata da relação homem-sociedade, de como o urbanista pensa a cidade a partir de um olhar de organização urbana. Segundo ela, “o sonho dele é trazer o Plano Diretor para a cidade, pensar como Barra do Garças — e outras cidades — vão se organizar em termos de espaço, biodiversidade, sistema aquífero e rios”, conta.
Aliana destaca ainda a importância de pensar o crescimento urbano de forma planejada, citando exemplos recentes de construções que podem impactar a mobilidade e o clima da cidade no futuro. “É um convite à reflexão sobre a relação entre homem e sociedade. Dionísio é um arquiteto que, mesmo com quase 80 anos, ainda pensa no coletivo, em como melhorar a cidade”, afirma.
Para a diretora, o debate proposto pelo filme é fundamental para o futuro da cidade. “Qual é a vocação de Barra do Garças? A vocação de Barra do Garças é educação, segurança e turismo. Então, a cidade vai se movimentar em torno dessa vocação. Os espaços urbanos precisam ser pensados para acompanhar esse desenvolvimento, evitando problemas como bolhas de calor e desafios de mobilidade que já vemos em cidades maiores”, conclui.

Incentivo da Lei Paulo Gustavo
A Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar nº 195/2022) representa um marco histórico para o setor cultural brasileiro, ao destinar R$ 3,9 bilhões para o fomento de produções culturais em todo o país. Esse investimento direto, o maior já feito na área, teve um impacto profundo na produção artística nacional, promovendo uma verdadeira descentralização cultural.
A lei alcançou quase todos os municípios brasileiros — 5.398 dos 5.570 — o que permitiu que iniciativas artísticas florescessem não apenas nos grandes centros urbanos, mas também em regiões do interior que historicamente ficaram à margem das políticas culturais.
Para Aliana, os recursos são essenciais para a realização do documentário. “Eu entendo que, se não fosse a viabilidade dos recursos, seria difícil fazer um documentário como esse. É claro que daria para fazer, mas a questão é que as pessoas estão aqui, e elas não trabalham somente com o audiovisual. Então, a gente dependeria do tempo delas, do engajamento para realizar esse documentário. Quando existe a possibilidade de remunerar essas pessoas, de reconhecer o trabalho delas de uma forma justa, permitindo que recebam por isso, tudo muda. Faz toda a diferença”, conta.