Ministra Margareth Menezes e convidados destacam potencial do cinema nacional no cenário global durante mercado que, em 2025, homenageia o Brasil
Liderada pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, a conferência Ecossistema Audiovisual e as Instituições Brasileiras, realizada nesta quinta-feira (15), durante o Marché du Film, reuniu autoridades e representantes do setor audiovisual para apresentar os avanços das políticas públicas, os instrumentos de fomento e a estratégia de internacionalização da produção cinematográfica brasileira. A ação integrou a programação oficial do mercado que, neste ano, homenageia o Brasil. A atividade ocorre em paralelo ao 78º Festival de Cannes, na França.
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Durante o evento, Margareth Menezes ressaltou a importância histórica do momento e o papel do audiovisual como vetor de desenvolvimento, identidade e economia criativa.
“É uma grande conquista ver a cultura brasileira, por meio do audiovisual, do nosso cinema e das nossas histórias, ocupar este espaço de destaque. O audiovisual é a nossa ponta de lança. É hora de reconhecer sua capacidade de gerar emprego, renda e de representar o Brasil dentro e fora do país.”
A participação brasileira no Marché é resultado da parceria entre o Ministério da Cultura, o Ministério das Relações Exteriores (por meio do Instituto Guimarães Rosa e da Embaixada do Brasil em Paris) e a ApexBrasil, e compõe a agenda da Temporada Brasil-França, em celebração aos 200 anos de relações diplomáticas entre os dois países.
Para o embaixador do Brasil na França, Ricardo Neiva Tavares, a visibilidade conquistada pelo audiovisual brasileiro em Cannes simboliza uma convergência entre cultura, diplomacia e economia.
“A participação expressiva do Brasil em Cannes comprova como a cultura pode, simultaneamente, elevar a imagem do país, estimular sua economia e ampliar a cooperação internacional. O cinema é uma poderosa ferramenta para mostrar ao mundo a criatividade e o talento do nosso povo.”
A secretária do Audiovisual do MinC, Joelma Gonzaga, destacou a relevância das políticas de fomento e regulação que garantem a diversidade e a sustentabilidade da produção nacional.
“Os filmes Agente Secreto e Para Vigo Me Voy, no ano passado; Motel Destino, na competição oficial pela Palma de Ouro; Baby, na Semana da Crítica; Hétero Fantasma, no ano anterior; Medusa, em 2021; Casa de Antiguidades, em 2020; Bacurau e A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, em 2019 — todos reconhecidos em Cannes Classics ou Un Certain Regard — foram viabilizados por políticas públicas robustas de fomento ao audiovisual no Brasil. Políticas que possuem alma, força e que protegem e valorizam a nossa propriedade intelectual”, afirmou.
Foto: João Meireles
A secretária destacou ainda que o objetivo da atual gestão é deixar um legado duradouro para o setor. “Queremos deixar até 2026 um legado que evidencie um Brasil que exporta cultura com identidade, autonomia e potência criativa, com regulação sólida para o streaming, que fortaleça nossa propriedade intelectual e permita que nossas histórias alcancem o mundo”, concluiu.
O coordenador de Programas Internacionais da Ancine, Daniel Tonacci, apresentou o papel estratégico da agência na cadeia produtiva do setor e os investimentos voltados à internacionalização.
“Desde a pandemia, firmamos novos tratados com países como Portugal e Uruguai, e investimos R$ 750 milhões em infraestrutura, estúdios, formação e tecnologia. É um esforço para tornar o Brasil um parceiro cada vez mais relevante no cenário internacional”, disse.
Para o presidente da RioFilme, Leonardo Edde, o caráter federativo da indústria audiovisual é fundamental para unir esforços entre diferentes esferas do poder público e da iniciativa privada.
“Estar aqui, em Cannes, é uma vitrine global para o nosso ecossistema audiovisual. O Brasil tem criatividade, competência e vontade de firmar parcerias. Essa é uma oportunidade concreta de fazer negócios, fortalecer o setor e mostrar a potência da nossa diversidade cultural”, afirmou.
Também participaram da conferência Lyara Oliveira, presidente da Spcine; Luisa Cela, secretária de Cultura do Ceará; e Eliane Parreiras, secretária de Cultura de Belo Horizonte; reforçando a articulação entre os entes federados e a importância da descentralização das políticas culturais. A conferência foi mediada por Daniela Fernandes, diretoria de Preservação e Difusão Audiovisual do MinC.
“O audiovisual brasileiro está maduro. Chegamos a este momento com bagagem, competência e vontade de crescer. Essa é a hora de disputar espaço, abrir caminhos, firmar parcerias e mostrar ao mundo o Brasil em sua plenitude”, acrescentou Margareth Menezes.
Estratégia audiovisual
A presença brasileira em Cannes é parte de uma estratégia ampla de fortalecimento do setor. Em 2024, o Ministério da Cultura lançou uma chamada de coprodução internacional com mais de R$ 220 milhões, contemplando 72 filmes em parceria com mais de 40 países. Também foram firmados acordos com França e China, consolidando a internacionalização da produção nacional.
Entre os avanços recentes, destaca-se a inclusão do audiovisual na Nova Indústria Brasil, programa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a retomada das cotas de tela e o aumento no número de salas de exibição — com mais de 3.200 salas em funcionamento e previsão de abertura de 100 novas até o próximo ano. Outro ponto central é a regulamentação dos serviços de streaming, pauta prioritária para garantir equilíbrio entre as plataformas e os direitos da produção brasileira.
“Estamos fazendo políticas públicas com a visão de nacionalizar, potencializar e fortalecer as manifestações culturais em todo o território brasileiro. A cultura é viva, pulsa nas novas gerações e segue se reinventando. E é com esse espírito que chegamos a Cannes: para mostrar que o Brasil está pronto para ser protagonista também no cinema mundial”, concluiu a ministra.
Foto: João Meireles
Fonte: MinC
